sexta-feira, 3 de março de 2017

Uma confissão

Eu já fui ideologicamente de esquerda sem nunca ter lido Marx, Lênin, Stalin, Lucaks e tantos outros; favorável à legalização das drogas em geral sem entender um 'a' do contexto latino-americano e russo acerca do narcotráfico (e, diga-se, sem nunca ter apertado um baseado; vai entender!); contra o serviço militar obrigatório sem nem ao menos conhecer a história e importância das Forças Armadas para nação; contra o modelo pedagógico tradicional, porém com uma visão um tanto anárquica, dentre tantas besteiras. Enfim, uma besta quadrada.

Sabe como é o nome disso? "Idiota útil", tipicamente presente no movimento estudantil.

E sabe como eu deixei essas drogas? Passando a lê-las, passando a investigá-las, passando a compreender o pouco fundo de verdade que guardam, praticamente nulo em comparação, por exemplo, ao mundo que venho conhecendo da Escolástica.

Os "mentores intelectuais" (melhor definição seria 'criminosos') de gente como essa menininha já protegida da Gleice e da Feghali — aquela das ocupações, que discursou em algum canto do Congresso —, Kim Kataguiri, Holiday e outros protótipos políticos são gente, em geral, da pior qualidade, que os envaidece a alma, corrompendo-os até às últimas!

Eu prefiro reconhecer que sou um merda, mas um merda que está em busca da verdade, que acredita que ela exista, ao contrário de muitos que já se satisfizeram com a destruidora certeza de que o universo não faz sentido, tão comum entre a rapaziada aí dos dezoito aos vinte e tantos.

Por essas e outras quando vejo a galera do movimento estudantil, todos emperiquitados com símbolos que no fundo mal compreendem, mas que lhes servem como meio de identificação e aceitação grupal, ah colega... Não sei se rio, se sinto pena; sei lá o que eu faço. Prefiro ficar quieto, no fim das contas.

É triste ver tanta energia jovem desperdiçada em nome de utopias comprovadamente destruidoras, seja dos seres humanos individualmente, seja da sociedade em geral.

Mas não! insistem... Mas não! repetem... A história se repete? Só de um lado ou dos dois?

Se desço a lenha, se muitas vezes não me furto a tentar mostrar a aberração das coisas quando já as vi suficientemente bem para aquela situação, se não perdoo a insolência intelectual, enfim, se não me coloco o tempo todo como sujeito passivo do processo de aprendizagem é porque a passividade... ah, a passividade não só enoja, mas como antes disso dá uma canseira tão grande. Entra-se num estado de morbidez inaceitável.

Não há problema em "querer fazer o bem", mas primeiro não seria bom saber do que se trata esse tal bem, não assumindo desde já uma forma de conduta pré-modulada com jargões vazios (dignidade da pessoa humana, "derechos", bem comum, etc, etc)?

E nesse bolo-doido de analisar questões de maneira aprofundada, adequar a conduta em determinadas formalidades (exigências de momento), tentar realizar alguma coisa é que se vai obtendo elementos de formação da personalidade.

Personalidade. "Pessoal", "(...)só seu", "(...)de mais ninguém". E o que mais se vê quando se olha a massa, militante ou não, é a dissolução da dita cuja.

Mas agora que confessei, eu prefiro ficar quieto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário